Monday 23 October 2017

CONVERSA SOBRE UM CONTO DE JOÃO ANTÔNIO.

De volta pra dentro do barracão,
erguido nos anos 30,

recupero-me aos poucos,

reduzo-me ao silêncio
da escuta e da escrita,

e aos minutos que restam
na bateria que sustenta

tenazmente a tecnologia
de nossa comunicação.

Sabemos, como desde
sempre e então: somos-um

Oráculo invertido em cores
: este Ying-Yang perpétuo.

Queimamos juntos
do papel ao fumo,

e acendemos internamente 
luzes extraordinariamente noturnas.

Insisto dizer, ainda que isto,
e já que tudo seja, por si só,
um absurdo absoluto.

(Cessaram as palavras,
e quaisquer linguagens,
cessaram)

Em mim – paisagens

são frequências
de além mar

e oriundas da terra
mais que profunda

– meu-eu-caboclo,
este índio terreno

alcalino terráqueo,
reivindica-se.

Ouço os ecos destas
narrativas, e creio

vibrando em riste, sobre mim,
a magia de BABAEGUN.

(Que de onde vem a morte
a vida retorna mais forte.)

Porque a fonte aonde se
ligam as tomadas da vida, 
a força é infinita, inescrutável,
embora às vezes, percebida.

(deste autor o pai nasceu no nordeste      
de portugal, e veio ser proletário em osasco,
se casou com uma mulher, irene, filha de escravos

no rio de janeiro – quatrocentos anos – e o toque  
do atabaque, nunca cessou, é a frequência
desta potência ligada à tomada da vida)

Amálgama das épocas, nosso tempo.
Esse encontro expande os intervalos
entre as vidas e suas trajetórias.

Vive-se-morre, morre-se se vive.
Som, silencio. Som, silêncio e som.

A verve que nos move é una, seu   
marritmo alimenta a rebentação.

Quando desembarcaram os ancestrais                                                                                   encontraram meus queridos canibais.

Conexão indeterminada, duração

: ininterrupta