Eu creio em ti,
esse algo aqui
no infinito instante,
quando só
o adulto vê
que o sol
é frio numa manhã
qualquer de sábado.
Em vós, sois
cega certeza.
Carrego o método
e ponho em ti
(casta hora)
improvável
rio diminuto
de águas notáveis
e reflexos absurdos.
O peixe acorda
dentro de ti,
dispara em voo
e parte às fronteiras,
desamarra
as cordas do cansaço
e colhe
as chamas do alarme;
Recordo
o prazer da paciência
e descanso
no colo da saudade,
nestas horas,
a vida é uma eternidade.
Monday 24 October 2016
Monday 17 October 2016
ABSURDO CONTRATO
A vida
reduzida
a nada
a números,
símbolos
irônicos,
a horas
e vírgulas,
datas e cifras
contrato de
signos absurdos
silencioso
discurso de
um mundo clínico,
cínico
cirúrgico, onde
cabem palavras
dentro do
coração do tempo.
reduzida
a nada
a números,
símbolos
irônicos,
a horas
e vírgulas,
datas e cifras
contrato de
signos absurdos
silencioso
discurso de
um mundo clínico,
cínico
cirúrgico, onde
cabem palavras
dentro do
coração do tempo.
A FILA
a fila,
filha
do poema,
poesia
que anda,
nada
felina fada
abrupta
fonte
de
dons e
divagações
dissipa dúvidas,
decepa dívidas,
desengana
desejos,
donzelas,
elos, elas,
eros,
zela pela
hora, cuida a
horta
curta...
Sunday 16 October 2016
ASA
ti tu
de
de
ar
ar
mado
no gra
mado
a
nado
des
calço,
dis
farço,
o
passo
em
falso,
a
falsa
alça
da
asa
do br
aço.
Monday 10 October 2016
Thursday 6 October 2016
Palavra Encantação
A obra trabalha,
descem
das luas as navalhas,
(não
o atingem)
é cego
o arqueiro,
é livre
a
lebre.
Lança alcança a imensidade,
rompe as fronteiras das cidades
e desvenda o absurdo
abismo.
Perscruta o tempo e
suas
[histórias
conversa com o
Orixá
&
suas memórias,
num lapso,
volta
a si.
Se somente se,
for desejo, lambda:
palavra é
encantação,
lírico-espelho.
Acuda o que
despenca
re-escreve toda lenda
o
futuro de presente, o
passado mal se
sente;
supera
concorrência,
respeita as suas regras,
meu santo né de barro,
cristal de alabastro
segura o
candelabro,
o incenso
exala do turíbulo,
o ponto
por si só – corisco –
passou o
difícil, livre e
a todos
a todos
a pulsão,
cientista
da ilusão
descobre as normas
do que é líquido,
colhe nos bolsos
o improviso, balança
se equilibra no
destino.
[Ponto lança flecha seta
alvo
alvo claro negro
preto
todo sangue novo outro
sempre
(em campo ou cidade),
palavra
capital ou interior
Oxalá foi
quem mandou
as regras obedecer (e ai de
você, sinhô, se não ouvir, esse
agogô).
Preste atenção rapaz,
meu santuário é
diário,
paulatino,
aprendi desde
menino
que o dendê vou respeitar
come o alvo dia-dia,
e registra a harmonia
de seguir seu
Orixá.
Cuida-cuida-
deus escuta
breve-breve flamejar
nossa luz vou cultivar
orienta essa trilha,
que o Ogan
vai transpassar,
passo a passo
légua à légua,
vai via
viagens pela vida: qualquer lugar
é logo ali, chego
perto e estou dentro
não me engano com
veneno
de um qualquer que traga dor.
ANIMÍTICO
ABERTURA
casas
arrastadas
ao cais – às rochas
das nossas partidas
na paisagem do porto,
o pajé
abre
o vento-a-flor
nasce.
e o cheiro
dança dentro
da
surpresa.
***
ANIMÍTICO
Omito/ o dado, o fato/ e o mato.
***
DEUS, O MANO
O mano-eu/é um, é
uma/transa-transe/do desumano.
***
O CHÁ DO XAMÃ
N’asa da xícara:
a cura : – cobre
com pano úmido
e põe no escuro.
***
RANDOMIAMERÍNDIA
Na terra dos índios
ainda há gentes
(contra) indígenas.
Onde? Aqui
mesmo: onde
a gente a paz
não vinga.
(só a poesia
pode, amor.)
Nada no país
toma forma
de nação, nada,
nem esse estado
-de-
guerra
que fica no meio
-da-
história:
e assim sangram
as cidades, todas ):
Cachoeira, São Paulo,
Salvador,...
Tupinambás dos Santos-Caboclos,
então, há nomes
pra todos
pra tudo
e pra todas as dores
candomblés e letras de sambas
nos terreiros e calçadas, nas ruas...
***
POEMA DO FOGO
O fogo andino
que desceu pelo
Estreito de Bering
encandeceu
a Amazônia
de sangue oriental
As chamas
lançadas
das lâminas,
em fúria,
disparam
flechas
acesas
com
uma luz
que organiza
as horas e
os dias.
Natureza
(essa força
incessante)
dissocia o tempo
– inconstante.
Guerras
queimam a Terra.
Gaia goza
antes do Colapso
e que a hora
finde-a; ( Im )
a possível doma
da dobra do mar,
contorno irascível
dos frios ventos
do norte,
pelas marítimas
correntes
que no Atlântico
arrastaram
tantas diásporas.
§
AFORISMOS
§
Quando a
morte lhes morder
os
calcanhares, hás de longa
sílaba
cantar, à estreita porta.
§
Eu, que
não tenho celular,
Sobrevivo
a surtos telepáticos
E
diálogos com o instantâneo.
Pra mim
que não tenho alma
A verdade
esta morta no cotidiano.
§
– MENTIRA!
Me presentearam
com amor, troquei
por brinquedos.
§
O deserto da rua,
apagou, restaram apenas
postes inacabados.
§
Risquei de índio
o quadro negro, e
o branco sorriu.
§
Compro-te flores,
preferes
sapatos.
§
Coleciono noites
em claro: reuni
parágrafos de estrelas.
§
Quiseram-me
à verdade, confiei
na ilusão.
§
Visitei certa vez
um povoado, de lá,
nunca voltei.
§
Redundância:
Coisa ironicamente
impossível.
§
Vendo-te o futuro:
Propagam os bancos; mal
sabem do capital futurístico.
§
Polvilho no escuro,
Pólen-pensamento
§
Invento um sujeito:
eles recolhem os direitos.
§
Guardo esperanças:
diminuem as distâncias.
§
Ei-los: signos e sons:
lamento da solidão: profunda
sinfonia de batucada.
§
Calhas e Portas: Lótus.
§
Se chora o Brasil
Samba o brasileiro
Vais ser artilheiro
Da sua geração.
§
***
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