Haviam
pessoas
mortas
nas portas
das casas
ocas de ecos
de ocasiões.
randômicos
capítulos
episódicos
orbitam
planos
habitam
plantas
planetas
outras luas
aguardam
recôncavas
noites menos ácidas
e químicas que a Síria
na noite
passada,
ou ali, no Cabula
anos
atrás
estamos
atrás
dos ancestrais
Monday 22 January 2018
Sunday 21 January 2018
Para Teori Zavascki
Às gentes
que morrem
nesses encontros
de pernas
que escorrem
nestes dias em
que sóis cegos
escorregam pelas
tardes quentes
onde as gentes
úmidas suam
e sangram rios
que singram
vales no cosmo
como as estrelas
(dos dentes?) nos
céus das bocas
em avermelhados
crepúsculos... e
medram e mordem
mundos e se mudam
de lugar as coisas
silenciosas, só sentindo
o veneno a correr-lhes
nas veias, enquanto
irascíveis se esmilinguém
em outros e outras toadas
e gritos de iluminação e horror.
janeiro, 2017.
Wednesday 17 January 2018
PAISAGEM
as raízes despencando
da janela do terraço
da varanda
do primeiro andar
do prédio
frequentam
a rua ao vento
enquanto crescem
em direção ao sol
ao platô ao pântano
que se explana lá fora,
enquanto os dedos
trêmulos sobre as teclas
em apagadas digitais dissecam
as horas em que se encabulam
os versos as vozes fantasmas
de dias menos, tanto menos,
quanto mais, menores que as
noites em que a distância espanta
em língua-franca, língua-língua, o
sal se espedaça e farfalha pela folha.
Tuesday 16 January 2018
RUN RUN RUN
como aquele
que rumina
em silêncio
a carne dos
próprios lábios,
ossos do crânio,
os dentes,
ou assente a
própria morte
quando em vez
secretamente
espreita o peito
pela fresta
que antecipa
as luzes
da alvorada
quando
a cidade
inteira
se apaga
e desliza
pra manhã
desfazendo
a madrugada
como aquele
que se livra
de uma praga
e segue a favor
dos ventos,
eu-me-livro
eu-me-livro
lanço-me
no espaço
da carne
de dentro
do âmago
do um,
este assunto
que não
se encerra,
como futuro.
Monday 15 January 2018
poema do homem americano
Quer seja,
ou não, um
Drummond
dos últimos
dias,
ou aquele
caule quieto
feito força,
tronco robusto
de Jacarandá,
cantando
ao corte
da motosserra
seu dobre
metálico
à morte.
É certa
que aprovação
chegou
qual sol
que esquenta
as águas mornas
do mar
e vem dar na praia
piscinas naturais
de arrecifes costuradas
de corais. Este mesmo
sol esculpiu
as pedras
na Serra
da Capivara
(as dunas
do Saara)
e cultivou
calcário covil
de raras formas
de nossa vil espécie,
porção passageira
de tudo,
culto de terras
e mortos
dos quais nos
alimentamos.
É que a
esta hora
o corpo
é petróleo,
fóssil em
osso e sal
gravado
nas paredes
laranjas cinzentas
do cerrado,
da caatinga,
dos vales
dos desterros
das memórias
e moradas
mais antigas
que o sono
da superfície
do Ocidente.
O vento esculpiu
a tinta de fogo
cobre e sangue
o redemoinho
da reviravolta
que nos conta
estas estórias.
Sunday 14 January 2018
Sunday 7 January 2018
SÓIS DO VIRADOURO
cuido atento
ao curto e oculto
tempo que temos.
a cuia de sol, cerveja
& abô que bebo
torna o dia mais azul.
Silencio no coração da tormenta
e escuto no coração da tormenta
um silêncio oportuno, outonal,
qual o baque da queda,
após o murro,
ou o salto do gato,
sobre o muro,
a isca da caça
pelo urso,
o veludo da pele,
em flor,
ou o movimento do músculo
num susto,
de quem é perseguido
por um cão,
em surto,
(e se livra).
Lá fora
a rua é uma sinuca arisca
a porta do quarto é uma bússola
no mar no meio de maio
entre nós e o oceano
entre a casa e a piscina,
a cama e a privada
a porta do quarto
é uma cortina
e esconde um mistério
que nos aguarda,
do outro lado do meu peito
que se inflama
se banha
se sangra e
se estraçalha se chove
um enxame de facas e balas
uma turba de falas ocas e
uma multidão de foices cegas
que despencam do teto da sala
e caem sobre mim
todos aqueles, estes
nossos corpos negros
mortos pela polícia militar
nosso sangue pinga sobre sonhos
nosso sangue, nossos sonhos
embebedando as horas
desviando a fome
a caminho da Ponte,
atrás da Estação
cruzam-se as linhas
e atravessam-se os dias
a sós
e vós
que sois como sóis
vens como viramundos.
Tuesday 2 January 2018
BAIXO
falando
com o
mundo
em
silêncio
com tudo
volto pra
cama
de carona
com um
cometa
que me
carrega
até teu
colo - teu
útero - teu
cú - e
a tua quantidade
de corpos
colares, cristais e flores
brotam na janela da sacada,
ajustamos os últimos ponteiros
para o resto de nossas vidas - há
tantas vidas para viver, mas só
precisamos de uma, a nossa, esta
hora em que nos cercamos de nós
e nossas águas, antídotos contra as
ameaças. Amar o amor e a paz da
paciência, amar o resguardo e a hora
de silêncios, entre nós, que é de areia
correndo no caminho da clepsidra.
com o
mundo
em
silêncio
com tudo
volto pra
cama
de carona
com um
cometa
que me
carrega
até teu
colo - teu
útero - teu
cú - e
a tua quantidade
de corpos
colares, cristais e flores
brotam na janela da sacada,
ajustamos os últimos ponteiros
para o resto de nossas vidas - há
tantas vidas para viver, mas só
precisamos de uma, a nossa, esta
hora em que nos cercamos de nós
e nossas águas, antídotos contra as
ameaças. Amar o amor e a paz da
paciência, amar o resguardo e a hora
de silêncios, entre nós, que é de areia
correndo no caminho da clepsidra.
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