A aguardente escorre e coalha,
a água aglutina sua última gota,
e a diferença entre água e o sangue
está na hemoglobina, pode até ser,
porque entre nós e o outro, está o corpo,
disforme força, confusa fome abrupta?
mas agora é distante a cor da blusa rubra da
moça moscovita que se era judia ou cigana,
(está aí uma lembrança impossível)
se Sônia ou Karenina alguma, de algum
Raskólnikov, faz anos vezes rios...
O outro, o moço tinha trinta anos e usava
próteses no lugar dos dentes (ou aparelhos,
também não lembro, ao certo) mas seu sorriso
era um triste sinal de desespero. O moscovita
traga o chineps enquanto sangra pelas gengivas
goela abaixo. A essa altura não há mais luzes em
Stalingrado ou Atibaia, para lermos com os mortos
Boris Pasternak ou outro russo qualquer.
A esta hora uma ilha está quase a desaparecer
no Pacífico Sul, ou até mesmo no sul da América
do Norte algumas cidades podem desaparecer,
(quanto mais um partido) basta “alguém” apertar um botão.
Adolescentes usam botons, quando eu era adolescente
Gostava de jogar futebol de botão com meu primo que
Hoje em dia gostava de beber em Forlan, que foi assassinado.
Eu me lembro da última água-de-coco
que tomei em seu quiosque, da sua barca
branca rebaixada e da sua companheira
médium do Caboclo Boiadeiro.
(Forlan é também o nome de um futebolista uruguaio)
Hoje eu
escutei o Exu de Oxalá, cavalo de deus no mar
e caminhei
pelo silêncio de semblantes sisudos como
se todos
estivesses mortos em Moscou, na Coréia do
Norte ou no
Japão.
Mas no final
de tudo ainda temos café com canela
para socorrer
o cinema.br de cair no abismo do abuso
e desuso,
longamente enternecido, de ternura entretecido.
No comments:
Post a Comment