Sunday 5 November 2017

RANCA-TOCO

no teu colo
eu sou

a cria, a ceia,

uma sereia
eu seria

no teu colo

a cura da criatura
– eu colho –

no teu olho,

o globo
grava a gaivota

voo raso
no lago

ao lado
da canoa

que range
às ondas

e carrega
as cordas

e coroas
do reinado.

ainda no poti
pôs as cores

e fez cócegas
no nariz,

e eu ri, aqui,
sozinho mesmo,

porque
entraste
no ninho,

e fizeste
morada

em meu
caminho,

e naquela
mirada

deixei de
ver-me

e passei
a ver-te

(verde
pasmo)

e ouvir-te
em vez

de ser-me,
e tu e teu


tato, língua
no palato, eu


colho às folhas

a voz que vulcaniza
as horas

que ao peito
arrebato, e

simplesmente,
de ofá e laço,

muiraquitã
e com vestes
de calhamaço,

no auge da aurora,
só agora, rompe-mato.

No comments:

Post a Comment