I.
no silêncio da sala
assisto a boca do dia
amanhecer teu sono
suando as têmporas,
enquanto dormes,
cuidamos do futuro
plantando o fruto
do presente colhido
no passado da hora exata
em que o nó se desata
navegando ao leme atado
ao remo que move as águas.
II.
da aldeia
ao pé da serra
onde caçávamos
eu, eles e elas
vimos o mar
entre nuvens
(da morada de samambaias)
entre as Serras de Una
e esse anarquismo indígena
selvagem Caraíba
– guia indomável.
III.
acordo, e
enquanto
ela faz uma fogueira
de galhos e folhas azuis,
faíscam por dentro das águas
luzes que avermelham o firmamento
a noite logo chega
saímos para encontrar
caititus, locas, elefantes
caçar a cura das memórias,
e (no meio da trilha) um
bando de bugios comiam
logo na mais próxima aldeia
estamos a refundar as tribos
da terra a povoar
aos montes os mares y praias
e a aprender a sarar as pragas.
No comments:
Post a Comment