Monday 27 November 2017

AS SERRAS DE UNA


I.

no silêncio da sala
assisto a boca do dia

amanhecer teu sono
suando as têmporas,

enquanto dormes,

cuidamos do futuro
plantando o fruto

do presente colhido
no passado da hora exata

em que o nó se desata
navegando ao leme atado

ao remo que move as águas.

II.

da aldeia
ao pé da serra

onde caçávamos
eu, eles e elas

vimos o mar
entre nuvens

(da morada de samambaias)
entre as Serras de Una

e esse anarquismo indígena
selvagem Caraíba

– guia indomável.

III.

acordo, e

enquanto
ela faz uma fogueira
de galhos e folhas azuis,

faíscam por dentro das águas
luzes que avermelham o firmamento

a noite logo chega

saímos para encontrar
caititus, locas, elefantes

caçar a cura das memórias,

e (no meio da trilha) um 
bando de bugios comiam

logo na mais próxima aldeia
estamos a refundar as tribos

da terra a povoar 

aos montes os mares y praias 
e a aprender a sarar as pragas.

No comments:

Post a Comment