Conheci o Eduardo Lourenço, ano passado, em Lisboa.
Na Casa
Fernando Pessoa, onde ele foi o convidado de honra para o encerramento do
colóquio The Plurality of the Subject and the Crisis of Modernity, no qual
participei em janeiro de 2015.
Um homem que quando despontou na porta,
disseram:
"- Eis o Pessoa!"
Ele de soslaio comenta: não me deem tão
dura sina, a de não poder morrer mesmo depois de ter morrido. Todos rimos é
claro, mas ele dizia também das dificuldades de se
viver ainda.
Fiquei com aquela simplicidade, com aquela fala tranquila que
apresentava pontos de vista de uma Lisboa profunda e um Portugal por quem o viu
e viveu. Fiquei com a lembrança de que nunca mais veria aquele homem, tranquilo
de fala comedida e curiosa, engraçada e leve. Hoje, passei o dia inteiro para
ler esta matéria, e o sabia, que o texto era o relevo de uma personalidade onde
a subjetividade da alma lusitana casa-se a objetividade de uma história que no
Atlântico realizaram e realizam: África, Europa e Américas.
O lirismo, o ensaísmo
e a crítica do juízo fazem destas palavras de Lourenço, mas que um momento.
Sinto que quando estiver de frente a passagem, ele se dirá: não fui senão um
homem que esteve aqui a fazer coisas enquanto o dia estava a passar e eu ao ver
que o dia queria começar, continuava a escrever.
Por que de nós, o tempo, só
retém as obras.
***
Vídeo da conferência de Eduardo Lourenço no encerramento da Colóquio
The Plurality of the Subject and the Crisis of Modernity .
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