Wednesday 5 October 2016

Poesia, Filosofia e Modernidade





Conheci o Eduardo Lourenço, ano passado, em Lisboa. 

Na Casa Fernando Pessoa, onde ele foi o convidado de honra para o encerramento do colóquio The Plurality of the Subject and the Crisis of Modernity, no qual participei em janeiro de 2015.

Um homem que quando despontou na porta, disseram: 

"- Eis o Pessoa!" 

Ele de soslaio comenta: não me deem tão dura sina, a de não poder morrer mesmo depois de ter morrido. Todos rimos é claro, mas ele dizia também das dificuldades de se viver ainda. 

Fiquei com aquela simplicidade, com aquela fala tranquila que apresentava pontos de vista de uma Lisboa profunda e um Portugal por quem o viu e viveu. Fiquei com a lembrança de que nunca mais veria aquele homem, tranquilo de fala comedida e curiosa, engraçada e leve. Hoje, passei o dia inteiro para ler esta matéria, e o sabia, que o texto era o relevo de uma personalidade onde a subjetividade da alma lusitana casa-se a objetividade de uma história que no Atlântico realizaram e realizam: África, Europa e Américas. 

O lirismo, o ensaísmo e a crítica do juízo fazem destas palavras de Lourenço, mas que um momento. Sinto que quando estiver de frente a passagem, ele se dirá: não fui senão um homem que esteve aqui a fazer coisas enquanto o dia estava a passar e eu ao ver que o dia queria começar, continuava a escrever. 

Por que de nós, o tempo, só retém as obras.

***
Vídeo da conferência de Eduardo Lourenço no encerramento da Colóquio 
 The Plurality of the Subject and the Crisis of Modernity .
 
 

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