Tuesday 13 March 2018

DESVAIRADA 2018


Eu que não mato um leão por dia, mas cavalgo dragões dentro de mim, estou sem palavras depois dos últimos dias. Por isso muita demora em estar aqui, mas pela graça da gratidão, lá vão! Algumas palavras sobre a Desvairada (2ª ed.) que me atravessam a garganta até hoje e que vão continuar me atravessando a alma por um bom tempo. Esse momento, uma Feira, um Mercado na sexta-feira, Exu operando em alta em dia de Oxalá, não à toa o macumbe-se não chegou a tempo, mas Benjamin esteve lá comigo e fizemos a maior festa entre velhos amigos e novos conhecidos. No sábado, o Benjamin não foi, mas com a permissão das Yabás e de Exu, eu e a Kza 1, fizemos uma bela participação no rolê. 


Foto: Fabiano Calixto (Stand Livraria/Sebo Nina - Kza 1, Desvairada, SP, 2018)

A nossa editora levou junto com o macumbe-se, o "Postagens e Antipostagens" do Luiz Guilherme, o "se te amarrarem na estrada" do Heyk Pimenta e "o desastre que não nos olha" da Letícia Feres. A saída que elabora o efeito evento, foi realmente a distribuição encontrada por Fabiano Calixto, Natália Agra, Marília Garcia, Leonardo Gandolfi e Tiago Marchesano para, entre tantos autores e tantas editoras, gerarem um espaço dinâmico e criativo que ao reunir desde a Luna Parque, a Crisálida, a Corsário Satã, OEP, treme ~ terra,  Porta Aberta, a Boto-Cor-de-Rosa (com o pré-lançamento do novo livro do Ederval Fernandes), entre tantas outras iniciativas editoriais, conseguirem reaquecer com estilo e personalidade a presença daqueles e aquelas que estão atuando na vida literária brasileira atual. E em meio a tudo uma nova editora carioca, direto de Vila Isabel para o mundo, através do Thadeu C Santxs e Vinícios Melo, sem esquecermos a Nina, sebo e livraria, que vem junto.




O risco que traça o movimento deste ato, a agência das palavras, é a chance de não nos esquecermos de nós ou de algo ou de mais alguém. Além do mais, palavra anotada não se revela à toa, nem conta ou escreve seu mistério, ela enevoa e se dissipa, ela marulha e arrulha, nas asas das ondas e nas espumas do voo. Recuperamos o fôlego do sopro em versos, em cada anúncio e enunciado, em cada criação do verbo vocalizado.


Projeto gráfico do macumbe-se, por Thadeu C Santxs

O improviso deixa o riso nervoso e o desespero drástico, como nas palavras do Reuben (CAVALODADÁ) em DRÁSTICO (Malha Fina Cartoneira, 2018)  o poema "Temporada  de caça ao índio ka' apor" diz: "sentenças vendidas/ por juízes//fazendas maiores que países/" ou então quando Leo Gonçalves, na segunda edição do seu ótimo "Use o acento para flutuar" (Crisálida, 2018) nos diz que "tem osasco tem cabula/ tem rocinha, eu e você/ não permita ogun que eu bula/ com os guardinhas da upp [...] não permita exu que o morro/ se destrua pro lado de lá/ se bandido vier eu corro/ se a polícia vier ratatatá". Por sua vez, Phillippe Wollney em seu "caosnavial" (porta aberta, 2015) enuncia: "entre o tráfego e o tráfico/ a rotina anuncia: um passa-passa senão te passo".

Foto: Thadeu Santxs. (autografando o macumbe-se p/ o R. Lobo)






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