Thursday 15 March 2018

Vis-a-vis Comportamento Geral.


Pode parecer irônico, cínico ou até mesmo engraçado se não fossem ambas, a farsa e a tragédia, numa dança em círculos e elipses concêntricas que apagam as oscilações e só se voltam para si, ou seja, para a centralidade do poder, para a agência da dominação. Vis-a-vis o modo operante de um Estado fascista. Pode parecer crítico, ilustrado ou até mesmo digno, mas produzir a crise para ter direito a ser injusto é o pior dos crimes. Lesar a harmonia em relações sociais e contratos intra e inter-étnicos pelo prazer do desvio ao justificar o excesso e a opressão via hegemonia econômica, política e ideológica é caso comum. Vis-a-vis o modelo de contrato de um Estado facista. Fragmentação, contradições, desequilíbrios viram a norma quando se usa um totem ou uma bandeira diante da qual muitos se curvam, para ter um exército em exercício nas ruas a fim garantir seja lá o que for que se chame autonomia ou governabilidade é sem dúvidas um ato arbitrário de (des)controle da hierarquia social. Vis-a-vis a maneira de atuar de um Estado fascista. Ao se erguer o cenho, franzir a testa, esbravejar em gestos, altear a voz nas rádios, televisão, nas redes e mídias sócias e sociais são sentidos sintomas dos sinais dos tempos em que a crise dos sistemas não significa a crise dos paradigmas ou dos códigos de programação que organizam os sistemas, seja o de informação ou da supremacia branca capitaista. Vis-a-vis o jeito dos regimes de um Estado fascista. A necessidade da fuga, da fusão, do auto-engano, do engodo, da pura e simples mentira ou a nobre arte da omissão e do não sei ou do me esqueci é ao que parece e tudo indica o caminho que se percorre ao voltar para a casa de sua gente ou mesmo entre os entes queridos quando se trata com amigos ou inimigos neste terreno minado das relações em épocas tão instáveis como esta. Esta na qual basta-se ter um ponto de vista minimamente oblíquo ao do mais próximo que já se tem o bastante para olharmos com desconfiança e insegurança que generalizadas por nossas feridas históricas nos remetem a lugares de memórias inscritos em nossos corpos negros que consubstanciam o sofrimento total de tudo ao sentimento que impele a necessidade urgente de emancipação e agência do e sobre o próprio corpo, casa e coração. A menor brisa que possa correr entre as arestas de nossos edifícios morais, éticos ou ancestrais como no caso do eco do grito de liberdade ameaça as estruturas das ordens criadas e impostas como normas, como verdades que de velhas nos vencem por dentro sem que possamos querer ao menos acessar ou dar espaço ao novo ou aceitar as condições de possibilidade de sua emergência. Vis-a-vis a situação vivida pela "democracia" em dias de totalitarismo arregaçado. A autopromoção, a necessidade de protagonismo, a inveja, a desconstrução deliberada de grupos e sujeitos, a desfaçatez da sabotagem, esse clima de hostilidade, a empáfia da soberba, a arma sempre apontada antes mesmo do ataque, a incomunicabilidade, a incompreensibilidade do diálogo, a interdição da narrativa, o silenciamento da narração, a censura contra o narrador(a) marcam a vivaz violência em campo aberto e a fogo de alta intensidade contra irmãos, irmãs, negros, índios, mulheres, pobres, trans, queers, velhos, crianças. Vis-a-vis o pagamento recebido pelas diferenças em regimes de alteridade seletiva, machismo e misoginia endógenos, preconceitos, discriminações e racismos vários (seja ambiental ou institucional) quando ainda mais o Estado é mais-que-fascista. A crítica da crise é começo da superação. A autocrítica é o começo da nossa própria cura. Vis-a-vis como o Estado fascista combate, condena e extermina o nosso povo, como quem vê dentro de si (no outro, mais um de nós mesmos) o germe da mudança e transformação que deve ser destruído por ordem do pensamento conservador que não pode encontrar lugar para esse outro, em seu arquetípico estilo de vida, "Estado de Sítio" constante contra si tão bem arquitetado por anos e anos a fio, elo a elo pelas cadeias dos séculos. Vis-a-vis a fundação enferrujada e militarizada que mobiliza ranços e rancores, medos e temores em direção ao horror terrificante, ao terror paralisante. Vis-a-vis a sinfonia muda da morte, a aguardente em seu último gole, o gol perdido no infinito dos acréscimos, a última ameaça disfarçada de lei no último discurso do general ou na canetada canalha deste ou do próximo presidente. Estou cansado, estamos, mas precisamos continuar a organizar as guerrilhas, os quilombos, as aldeias e fazer tudo isso sem esquecermos o samba, porque a nossa melhor forma de protesto é viver nosso amor honesto, sermos pretos e estarmos sempre perto.
Mar.2018,
Olinda, Pe.

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